A Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) do Tribunal Superior do Trabalho invalidou cláusula de acordo coletivo que estabelecia “condições especiais” em relação à estabilidade provisória das empregadas gestantes do setor de vestuário de Estância Velha (RS).
O TRT da 4ª Região havia homologado acordo coletivo, que previa em sua cláusula décima sétima, intitulada “Condições Especiais da Trabalhadora Gestante” a estabilidade provisória da gestante, desde a concepção até 60 dias após o término da licença-maternidade. Entretanto, se fosse desmentida e julgasse estar em estado gravídico, teria que se apresentar para reivindicar a sua reintegração no prazo máximo de 90 dias a contar da concessão do aviso prévio, “sob pena de nada mais poder postular em termos de reintegração, salários correspondentes ou estabilidade provisória”.
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Analisando recurso apresentado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) que sustentava que a garantia de emprego da gestante “não constitui conquista negocial, mas sim direito constitucionalmente garantido e indisponível da trabalhadora”, a ministra Relatora Kátia Arruda em seu voto, destacou que o Supremo Tribunal Federal (STF) já havia decidido ser inconstitucional cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho que imponha restrições à estabilidade assegurada na Constituição. Prosseguindo que no caso em análise, a cláusula convencional a princípio daria a impressão de mais benéfica, contudo o prazo previsto do art. 10, inciso II, alínea a “b” dos Atos das Disposições Transitórias (ADCT) que vai desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto o sobrepõe.
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Para a Relatora, seguida à unanimidade, o prazo de estabilidade da convenção coletiva e o disposto na Constituição Federal coincidem, e por tal motivo se caracteriza como inviável que se estabeleça qualquer condição extra pelo termo coletivo, já que o prazo previsto do ADCT não possui qualquer condicionante.