A Justiça do Trabalho da Paraíba condenou uma empresa de call center a pagar indenização por danos morais a um trabalhador transexual por ter retardado, sem justificativa tecnicamente válida, a inserção do nome social do trabalhador em seus assentamentos funcionais. A decisão, proferida pelo juiz Humberto Halison de Carvalho, da 12ª Vara do Trabalho de João Pessoa, condenou a empresa ao pagamento de indenização no valor de R$ 7 mil.
Na sentença, entre outros aspectos, o magistrado reconheceu que há mandamentos constitucionais que já consagram a observância à dignidade humana sob o prisma da diversidade individual de cada ser humano. “No caso em tela, consubstanciada na necessidade de a empresa haver adotado as medidas cabíveis e necessárias à concretização de tais valores em seu âmbito interno, efetuando o registro do nome social do autor em seus assentamentos internos, fato que, no entanto, não ocorreu de modo que legalmente se lhe impunha”, afirmou.
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De acordo com os autos do processo, a demora da empresa em efetuar a alteração do nome social gerou constrangimento e humilhação evitáveis ao trabalhador, caso a mesma houvesse diligenciado na rápida observância à mudança do nome social do reclamante em seus registros internos. “A tese da empresa de mudança imediata do nome não se confirmou a partir da sua própria prova documental. O Contrato de Trabalho a título de Experiência foi firmado com o nome social do trabalhador, mas a empresa apenas efetuou a mudança nos espelhos de ponto meses à frente, em atitude de omissão que culminou em acarretar angústia e sofrimento evitáveis ao trabalhador”, enfatizou o magistrado.
Foi enfatizado, ainda, na sentença o fato de que a própria Administração Pública Federal e o Poder Judiciário impõem a observância à dignidade humana e ao não preconceito, através da adoção do nome social, com o Decreto Federal nº 8.727/2016 e Resolução do Conselho Nacional de Justiça nº 270/2018. Recentemente, o Tribunal Regional do Trabalho da Paraíba (!3ª Região), por meio da Secretaria da Corregedoria Regional, igualmente editou a Recomendação nº 006/2022, recomendando aos magistrados a observância aos procedimentos voltados à utilização do nome social nos registros do sistema PJe.
Cabe recurso da decisão.