Dia da Mulher Afro-latinoamericana e Afrocaribenha

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Neste dia 25, escolhemos alguns exemplos de mulheres afro-latinoamericanas e afrocaribenhas para mostrar a inteligência, a força e a representatividade de personalidades em diversas áreas. Boa leitura!

Influencers

@natalyneri

Bacharela em Ciências Sociais, a influenciadora brasileira que já possui mais de 1 milhão de seguidores em suas redes sociais (Instagram e YouTube), trata de temas como moda sustentável, veganismo e slow living.

@2sistersandameal

Formado por duas irmãs de origem jamaicana, Suzanne e Michelle Rousseau, seus perfis em redes sociais oferecem insights sobre a culinária da ilha, com a indicação de receitas para tentar em casa e restaurantes para visitar.

@blessednelly

Influenciadora e modelo plus size, Nelly usa seus perfis em redes sociais para compartilhar dicas de moda, maquiagem e viagem. Além do conteúdo visual compartilhado em seu perfil de Instagram, a influenciadora atualiza diariamente seu blog “a day in the life of Nelly B”.

@ancestral_memory

O perfil alimentado pela influenciadora trinitária-tobagense Jenissa Sullivan é uma extensão de seu blog pessoal, que foi criado para compartilhar referências que inspiraram sua marca, além da indicação de livros para leitura.

@astoldbyali

Moradora da Ilha de Antígua, no mar do Caribe, a influenciadora visita as mais de 365 praias da ilha, dando dicas de viagem e cuidado com o corpo.

@heloisahariadne

Nascida em Carapicuíba e formada em artes visuais pela Belas Artes, a artista é hoje representada pela Galeria Leme, onde desenvolve suas obras de arte com identidade visual única, colorida e repleta de texturas.

Artes plásticas e visuais

Adélia Sampaio (Belo Horizonte, 1944) é uma cineasta brasileira do Cinema Novo e foi a primeira mulher negra a dirigir um longa no Brasil.

Filha de empregada doméstica, Adélia teve um início de vida difícil e chegou a ficar afastada de sua mãe durante a infância, e foi criada em um asilo, porque o salário que sua mãe recebia não era suficiente para sustentá-la. Aos 13 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro com a família para morar com sua irmã, que trabalhava em uma empresa que distribuía filmes russos. Lá, pela primeira vez, ela entra em uma sala de cinema e assiste Ivan, o Terrível de Serguei Eisenstein.

A partir dessa experiência, Adélia buscou trabalhos em agências cinematográficas e no fim da década de 1960 foi trabalhar como telefonista na Difilm, distribuidora brasileira ligada ao Cinema Novo. Começou a organizar o cineclube da empresa, que projetava filmes em 16mm. Passou a trabalhar também na produção dos filmes, em diversas funções. Foi continuísta, maquiadora, câmera, montadora e produtora. Sua primeira experiência em um set foi como continuísta de um filme de Pedro Carlos Rovai.

Adélia foi pioneira na cinematografia negra brasileira, vivendo em um ambiente patriarcal, branco e elitista.

Estreou como diretora em 1979, com o curta-metragem Denúncia Vazia.

Criola

Graffiteira de Belo Horizonte, Criola faz parte da nova geração do graffiti brasileiro.

As obras de Tainá Lima, conhecida como Criola, colorem as ruas de Belo Horizonte e fortalecem o movimento negro na principal cidade de Minas Gerais. A jovem mineira começou a grafitar em junho de 2012. Sua arte expressa a história e os gritos de resistência da ancestralidade afro-brasileira contra o preconceito.

O projeto de Criola coloca em evidência o “irun” (cabelo), uma parte muito importante no universo da beleza feminina. “O cabelo crespo sempre foi alvo de preconceitos e agressões e o uso da chapinha é uma tentativa de ocultar a origem, a raiz e a história”, pontua a artista. De acordo com ela, por meio do cabelo se constrói uma metáfora com a raiz das plantas no sentido de crescer livre para ganhar força e florescer.

Ayeola Moore

Ayeola Moore nasceu no Caribe, na Ilha de Guadalupe. Por muitos anos se dedicou à prática da dança tradicional afro-guadalupense. Pertenceu ao elenco de Dança Tradicional de Guadalupe Äkademiduka. Pintora autodidata, a artista impressiona o público com seus quadros todos feitos com cores vibrantes e curvas que parecem seguir os passos de uma dança. Suas obras prendem, perturbam e instigam os pensamentos. Sobre o assunto, Ayéola Moore conta que começou sua relação com a tinta e o pincel tarde, aos 53 anos.  Tudo em função de um conselho do amigo e ativista pelos direitos dos negros, Abdias do Nascimento, falecido em 2011.

Mulher, negra e caribenha, a pintora faz questão de afirmar sua identidade e de oferecer uma visão crítica do machismo e racismo que imperam há séculos no Brasil. Atenta aos direitos das mulheres, em especial das negras, Ayéola Moore enfatiza a importância de manter a ligação com a ancestralidade e de estar consciente do que se é.

Maria Auxiliadora

É quase impossível falar de pintores brasileiros sem pensar no nome de Maria Auxiliadora. Antes de começar a pintar, a artista, neta de escrava, atuava como empregada doméstica. Em suas obras, a pintora retratava o cotidiano de pessoas em regiões rurais e urbanas, além de abordar temas como religiões afrobrasileiras, carnaval e tradições culturais. Mesmo sem uma formação acadêmica, Auxiliadora se tornou conhecida internacionalmente e, após seu falecimento em 1974, recebeu homenagens em museus de países como Itália, França e Alemanha.

Filha de mãe bordadeira e pai trabalhador braçal em estradas de ferro, veio para São Paulo com a família. Na capital paulista foi doméstica e passadora de roupa. ca. 1954 – Autodidata, iniciou sua produção em guaches e lápis-de-cor. 1967 – Após sofrer grave cirurgia, decidiu pintar, primeiro em casa dos pais, depois em sua própria residência.

Sabothati

Thatiane Almeida, a Sabothati é paulistana, virginiana, nascida e criada na Brasilândia – periferia de Sampa e famoso bairro reduto de onde saíram Negra Li e o ator Domingos Montagner deu aula de Educação Física em uma escola da região – dona de uma gargalhada desconcertante e de um humor rápido e instigante, eu a conheci na labuta e vi crescendo de forma muito faminta pelo novo e tudo aquilo que veio antes desse novo para que ele existisse, ela já fez recepção em eventos culturais e já foi produtora. Cinéfila desde pequena, estudou cinema e se tornou diretora e já carrega no currículo importantes trabalhos tanto como diretora, como assistente de direção ou produtora executiva de obras do audiovisual brasileiro – no cinema como na música. Já trabalhou com artistas como Glória Groove, Karol Conká, Elza Soares, Xênia França, Emicida, Luiza Sonza e Linn da Quebrada.

Fundou o coletivo audiovisual formado por mulheres chamado Vênus Filmes e recentemente dirigiu o longa metragem documental Anastácias, vencedor do Prêmio de Melhor Longa-metragem na sua Estreia Internacional no HerInternationalFilmFestival, um festival de cinema para jovens mulheres diretoras.

Yasmin Thayná é cineasta, diretora e fundadora da Afroflix, curadora da Flupp (Festa Literária das Periferias) e pesquisadora de audiovisual no ITS-Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro). Dirigiu, nos últimos meses, “Kbela, o filme”, uma experiência sobre ser mulher e tornar-se negra, “Batalhas”, sobre a primeira vez que teve um espetáculo de funk no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e a série Afrotranscendence.

Foi eleita um dos 30 under 30 da revista Forbes em 2021.

Soberana Ziza

Artista Visual, ilustradora, Grafiteira e Educadora, Soberana Ziza, como é conhecida a artista Regina Elias da Costa, vive no Jardim Peri Alto, periferia da Zona Norte de São Paulo. Atua desde 2006 expondo seus trabalhos em intervenções urbanas e galerias em uma pesquisa estética sobre negritude e feminino numa abordagem afrofuturista.

Seu trabalho une história, ancestralidade e arte contemporânea na busca pelos caminhos trilhados por seus ancestrais, representando a atuação do povo negro em diferentes setores como nas Artes, Engenharia e Medicina.

Firelei Baez (República Dominicana)

Já conhecida por explorar humor e fantasia envolvidos a partir de pesquisas sobre sociedades diaspóricas e suas culturas, que têm a capacidade de conviver com ambiguidades e usá-las para construir defesas psicológicas e até metafísicas contra invasões culturais, Firelei Baez é hoje um dos nomes mais promissores da nova geração da República Dominicana. Ela cria retratos a partir de imagens de arquivos com cores intensas ou mix de estampas e texturas expondo personagens femininas reais ou fictícias, de ascendência afro-americana como resultado de árduas pesquisas históricas. Essas mulheres são representadas ou apresentadas junto a simbolismos e elementos das culturas afro-americanas ou afro-latinas.

Elizabeth Catlett (México)

A artista mexicano-americana ficou conhecida entre membros do Movimento dos direitos civis dos negros por suas esculturas e gravuras expressionistas,produzidas durante os anos de 1960 e 1970, que representavam a mulher negra e a segregação da época. Catlett  expressava as injustiças e lutas coerentes com seu tempo sob influência estética das esculturas pré-colombiana, dos nus sensuais de Henry Moore e dos murais políticos de Diego Rivera.

Victoria Santa Cruz (Peru)

Considerada “a mãe da dança e do teatro afro-peruanos”, Victoria Santa Cruz foi uma coreógrafo, poeta e ativista. Sua obra mais conhecida é uma performance visceral na qual ela declama o poema Me Gritaron Negra. No poema, ela fala sobre sua própria experiência quando tinha 7 anos e sofreu um episódio de racismo que a marcou para toda a vida: estava na rua brincando quando gritaram que ela era negra. A artista afirma que até então não tinha consciência de o significado e poder de ser uma pessoa negra no Peru. No poema musicado com tambores ao fundo e dançado por ela e outros amigos negros, ela afirma que, na ocasião, gritou de volta, empoderada e orgulhosa de suas origens, que era sim negra rejeitando o ataque preconceituoso, rejeitando os padrões de beleza eurocêntricos, brancos. Desde então a artista trabalha com as possibilidades e significados de ser uma mulher negra. 

Kika Carvalho

Nascida em 1992, na cidade De Vitória- ES, onde vive, Kika Carvalho graduou-se em Artes Visuais na Universidade do Espirito Santo. Sua trajetória como artista visual começou através do grafitti, tornando-se uma referência na cena nacional a partir da criação do Coletivo DasMina (2012), e do FEME – Festival de Mulheres no Graffiti (2016). Sua pesquisa atual porém, tem como foco a construção de novas narrativas, voltando sua atenção à elementos que compõem um movimento de retorno, buscando a força presente em sua ancestralidade.

Para além de sua atuação como artista visual, através da arte-edução Kika busca retribuir de alguma forma as oportunidades que recebeu enquanto criança. Por isso, seu trabalho enquanto educadora social é um aspecto bastante marcante de sua formação e trajetória. Além de trabalhar em instituições de arte como arte-educadora, Kika criou também o Projeto Pique Pintar que, em 2019, convidou crianças e adolescentes do Morro do Quadro (Vitória-ES) a participarem na elaboração e execução de pinturas em muros e equipamentos coletivos da comunidade. Além de reforçar o protagonismo das crianças e adolescentes enquanto sujeitos ativos, o projeto visava criar também um sentimento de pertencimento.

Literatura

Maria Firmina dos Reis esteve apagada por grande parte do século XX, mas é uma figura da história brasileira que acumula diversos ineditismos.

Ela é considerada a primeira autora negra do Brasil, responsável pelo primeiro romance abolicionista de autoria feminina de língua portuguesa (e possivelmente o primeiro romance publicado por uma mulher negra na América Latina), e a primeira mulher a ser aprovada em um concurso público no estado do Maranhão.

Hoje, conhecemos fragmentos de sua história e obra. Nascida em 1822 na Ilha de São Luís, filha de mãe negra alforriada, Maria Firmina foi professora de primário da rede pública. Até hoje seu rosto verdadeiro é desconhecido.

Em 1859, publicou “Úrsula”, um romance tido como revolucionário para a época por ter personagens escravizadas humanizadas, com voz e subjetividade, incluindo os negros como sujeitos do romance. O texto também tecia críticas ao regime escravocrata em meio a narrativa.

Inicialmente, o romance foi assinado apenas como “por uma maranhense”, e coloca em suas primeiras linhas um pedido de desculpas, pois a escrita era então uma prática predominantemente masculina: “Sei que pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira; de educação acanhada e sem o trato e a conversação dos homens ilustrados”.

A partir de 1861 seus textos passaram a ser assinados com seu nome. Dentre sua obra, destacam-se a coletânea de poesias “Cantos à beira-mar” (1871) e o conto “A escrava” (1887), com críticas mais severas à escravidão. Seu nome e produção literária passaram décadas no esquecimento e foram recuperadas apenas na década de ‘60.

Victoria Santa Cruz foi uma compositora, coreógrafa, cantora, poeta, estilista e professora universitária, é tida como uma das principais responsáveis pela difusão da cultura afro peruana em seu país e pelo resgate de experiências e práticas negras no Peru, ao longo das décadas de ‘60 e ‘70.

Nascida em La Victoria em 1922, a artista estudou teatro na França. Ao retornar para território peruano, desenvolveu trabalhos que refletiam seu ativismo pela valorização da identidade, cultura e experiências afrolatinas. Victoria fundou a companhia “Teatro y Danzas Negras del Perú” e, mais tarde, foi diretora do Centro de Arte Folclórica e do Conjunto Nacional de Cultura do país.

Victoria escreveu “Ritmo: el eterno organizador”, que reúne seu legado e reflexões sobre a arte e cultura afroperuana, mas o poema mencionado no início é sua obra mais conhecida. Mas sua obra mais conhecida é o poema-canção “Me gritaron negra” (1960), ecoado por movimentos negros em toda a América Latina. O poema foi escrito sobre um episódio de racismo sofrido por Victoria, quando se viu rejeitada por um grupo de crianças aos seus 7 anos. O eu-lírico da obra contesta a atribuição preconceituosa da negritude como algo negativo e passa a invocar sua identidade negra com orgulho. Vídeos do poema sendo declamado, em meio ao som ritmado de tambores, estão disponíveis no YouTube.

Este ano, Victoria foi honrada postumamente com a condecoração da “Orden al Mérito de la Mujer”, concedida pelo Governo Peruano em reconhecimento a sua contribuição para o desenvolvimento da cultura e dos direitos do povo afroperuano e a sua luta contra a discriminação étnico-racial e de gênero. 

Edwidge Danticat é uma autora haitiana contemporânea, internacionalmente reconhecida e premiada por sua obra literária.

Dandicat nasceu em 1969, em Port-au-Prince, durante o regime ditatorial haitiano dos Duvalier. Como muitos haitianos à época, sua família imigrou para os Estados Unidos, e a autora cresceu na cidade de Nova Iorque a partir de seus 12 anos.

Apesar da distância de seu país de origem, Dandicat foi criada em meio a cultura haitiana e manteve conectada a sua terra natal. Sua obra trata de temas como a identidade nacional, a história e a diáspora haitianas. Ela também é uma ativista e trata publicamente de problemas suportados pelos haitianos emigrados ou residentes no Haiti.

Seu primeiro romance, “Breath, Eyes, Memory” (1994), é um relato parcialmente autobiográfico que trata, dentre outras questões, da adaptação a uma nova cultura e do impacto da religião e de tradições haitianas para suas mulheres.

Fazem parte de sua obra, ainda: a coleção de contos sobre a experiência haitiana “Krik? Krak! (1995); o romance sobre “The Farming of Bones” (1998), que aborda o massacre de haitianos na República Dominicana de Trujillo; e seu livro de memórias, “Brother, I’m Dying” (2007), que resgata a vivência de sua família no Haiti e nos Estados Unidos. Atualmente, apenas o seu romance “Clara da luz do mar” (2013) foi publicado no Brasil.

Outras vozes da literatura afrocaribenha e afrolatina para conhecer: Carolina Maria de Jesus, Geni Guimarães, Conceição Evaristo, Mary Grueso, Daisy Rubiera Castillo, Luz Argentina Chiriboga, Jamaica Kincaid, Nicole Dennis-Benn.

Música

Alaide Costa é uma cantora e compositora brasileira considerada uma estilista da MPB e uma de suas maiores intérpretes. Mulher, negra e criada no subúrbio carioca do Méier foi uma das precursoras da Bossa Nova no Brasil compondo com grandes nomes como Vinicius de Moraes e Tom Jobim. A cantora de 86 anos também é conhecida por ser a única mulher creditada em álbum do célebre Clube da Esquina.

Alaíde iniciou sua carreira se apresentando em programas infantis de rádio aos 13 anos, por incentivo do seu irmão mais novo, que notou o seu talento. Aos 16 anos interpretou a canção “Noturno em Tempo de Samba” no programa da rádio Tupi “Calouros em Desfile”, momento que, segundo ela, foi definitivo para que efetivamente ingressasse na música.

Apesar da sua afinação implacável e produção musical incessante, Alaíde passou anos fazendo apenas gravações independentes e se apresentando em lugares pequenos. É uma figura pouco reconhecida na música nacional, a quem se deu espaço para brilhar em poucas ocasiões ao longo da carreira, como no lançamento do disco Clube da Esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges, em 1972, no qual ela canta com Milton a música Me Deixa em Paz, de Monsueto Menezes e Airton Amorim. Entre seus grandes sucessos, cita-se sua intepretação de Dindi e de Onde Está Você.

Nesse sentido, Ruy Castro chegou a afirmar em seu livro “Chega de saudade” que “…Alaíde era perseguida pelo estigma que iria acompanhá-la por toda sua carreira: um mito entre os músicos e respeitada por todos os cantores, mas não tinha chances nas gravadoras”.

Em entrevistas, Alaíde atribui o seu esquecimento a um preconceito velado e a uma resistência avassaladora das gravadoras em permitir que negros cantassem “rebuscado”. Segundo a artista, apesar da pressão para cantar ritmos alegres, jamais cedeu ou fez concessões, mantendo-se sempre fiel ao seu estilo e personalidade.

Em 2020 lançou o seu novo álbum “O que Meus Calos Dizem Sobre Mim”, com canções feitas para sua voz, produzido por Emicida e Marcus Preto e dirigido Pupilo. São oito faixas com letras e melodias maravilhosas impressas na autêntica voz da cantora. O álbum está disponível no Spotify.

Maria Madalena Correia do Nascimento, mais conhecida como Lia de Itamaracá, é uma dançarina, compositora e cantora de ciranda brasileira, considerada uma das mais célebres deste segmento. Começou na carreira artística muito jovem, cantando ciranda desde os 12 anos de idade, já cheia de familiaridade com a música e a dança – segundo ela, “um dom de Deus e uma graça de Iemanjá”. Porém, somente em 1998 começou a ser notada no Brasil, quando se apresentou no Abril de Rock.

Seu nome artístico nasceu com um verso que Teca Calazans compôs “Esta ciranda quem me deu foi Lia / que mora na Ilha de Itamaracá”, que foi incorporado à “Oh cirandeiro/cirandeiro oh/ a pedra do teu anel brilha mais do que o sol”. O convívio artístico também levou Paulinho da Viola a oferecer um belo verso para a cantora “Eu sou Lia da beira do mar / morena queimada do sal e do sol / da Ilha de Itamaracá (…)”.

Em 2005 ela recebeu do Governo de Pernambuco o título de “Patrimônio Vivo de Pernambuco”, que tem como objetivo estimular e proteger iniciativas que contribuem para o desenvolvimento sociocultural de grupos tradicionais e populares do Estado, visando a transmissão de conhecimentos e técnicas entre gerações. Além disso, foi agraciada com a “Orem do Mérito Cultural” pelo Ministério da Cultura, que tem por finalidade premiar personalidades nacionais e estrangeiras que se distinguiram por suas relevantes contribuições prestadas à Cultura. Como se não bastasse, em 2019, Lia recebeu uma das maiores honrarias de toda sua trajetória artística: o título de Doutora Honoris Causa, pela Universidade Federal de Pernambuco, pelos serviços prestados à cultura de Pernambuco e do Brasil.

Entre seus trabalhos musicais, cita-se os discos Rainha da Ciranda (1977), Eu sou Lia (2000), Ciranda de Ritmos (2008) e Ciranda sem Fim (2019). Como se não bastasse, a artista também teve atuação como atriz, tendo participado do curta-metragem “Recife Frio” do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho; do curta metragem documental “Formiga Come do Que Carregada”, do diretor Tide Gugliano e do filme Bacurau.

Yvonne Lara da Costa, também conhecida como Dona Ivone Lara ou a dama do samba, foi uma cantora e compositora brasileira e a primeira mulher a assinar um samba-enredo e a fazer parte da ala de compositores de uma escola, a Império Serrano, que a homenageou em 2012 com o tema do enredo “Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba”. Em paralelo à carreira musical, Dona Ivone Lara atuou por 37 anos como enfermeira, com destaque para a sua atuação com doentes psiquiátricos, com quais usou musicoterapia. Aliás, ela exerceu papel de destaque na reforma psiquiátrica no Brasil, antes de se aposentar e dedicar-se à carreira artística com exclusividade.

Dona Ivone é responsável por quase 200 composições, nas quais fala bastante sobre suas memórias, sonhos e imaginação. Um dos seus principais sucessos é “Cinco Bailes da História do Rio”, que foi o samba que a consagrou como a primeira mulher a vencer uma disputa de samba enredo. Délcio Carvalho foi o mais constante parceiro de Dona Ivone Lara. Com ele, ela compôs os sucessos Acreditar (1976), Sonho meu (1978) e Nasci para sonhar e cantar (1982), entre outros. Outros dois grandes sucessos da artista são “Alguém Me avisou” e “Mas quem disse que eu te esqueço”, ambas em parceria com Hermínio Belo de Carvalho. 

Em 2015, entrou para a lista das “Dez Grandes Mulheres que Marcaram a História do Rio. Em 2016 foi homenageada no Palácio do Planalto, em Brasília, na cerimônia da Ordem do Mérito Cultural, principal condecoração anual do governo brasileiro à área da cultura.

A artista faleceu em 2018, aos 96 anos, deixando um legado de muita música boa e um histórico de humanismo e empatia.

Advocacia

Silvia Souza – Presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB

Mulher negra, Conselheira Federal da OAB pela OAB/SP, especialista em advocacy e Mestranda em Criminologia na Universidade de Brasília.

Atuação destacada na promoção dos Direitos Humanos, tendo realizado sustentação oral no julgamento da ADPF 607, onde a OAB Federal atuou como Amicus Curiae, bem como no julgamento conjunto das ADCs 43, 44 e 54 representando o Conselho Federal da OAB, proponente da ADC 44.

A ADPF 607requeria o restabelecimento dos Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura no Brasil, tendo sido declarada a inconstitucionalidade das alterações anteriormente realizadas.

As ADCs 43, 44 e 54 sustentavam a constitucionalidade do art. 283 do Código de Processo Penal, que estabelece o trânsito em julgado da sentença como exigência para a prisão, tendo sido providas.

Flavia Ribeiro – Presidente da Comissão OAB/Mulher da Seccional OAB/RJ

Mulher negra, Presidente e ex-vice-presidente da Comissão OAB Mulher, da OAB/RJ. Ex-vice-presidente da Comissão Estadual da Verdade sobre a Escravidão Negra.

Com atuação jurídica em ações envolvendo gênero e raça, teve importante participação na fixação de cotas raciais no Conselho Seccional da OAB carioca.

Na toada de sua atuação acima apontada, tem atuação relevante no combate às diferentes formas de violência contra a mulher.

Esperança Garcia – primeira advogada do Piauí

Mulher negra escravizada, foi reconhecida como a primeira advogada piauiense, em 2017 pela OAB/PI.

Em 1770, ela escreveu uma petição ao governador da Capitania em que denunciava as situações de violências pelas quais, seus filhos e suas companheiras passavam na fazenda de Algodões, região próxima a Oeiras, a 300 quilômetros da futura capital, Teresina, e pedia providências.

A referida carta é uma das primeiras cartas de direito e símbolo de resistência e luta por direitos, sobretudo no período escravocrata brasileiro.

A carta foi encontrada em 1979, no arquivo público do Piauí, pelo pesquisador e historiador Luiz Mott. 

Dia 06 de setembro, data de escrita da carta, foi instituído o Dia Estadual da Consciência Negra, no Piauí, em 1999.

A carta de Esperança denunciou maus tratos, autoritarismo e, ao fim, há o pleito de vida sem violência para ela e seus iguais, representando a luta contra as violências de gênero e contra o racismo, importante em ser sempre lembrada.

Governança

Flavia Martins de Carvalho (@flaviacarvalho2020)

Juíza de direito no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Juíza auxiliar no Supremo Tribunal Federal (STF). Doutoranda em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e graduada em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Flavia cursou comunicação social na UERJ em 1994, se formando em 1998. Insatisfeita com a vida profissional ingressou na faculdade de direito em 2004, se formando em 2008, também pela UERJ.

Após a transição de carreira Flavia traçou um plano que tinha como meta final torna-se juíza em 10 anos. No entanto, a meta foi alcançada em 14 anos. Ingressou na magistratura aos 44 anos.

Participou do Grupo de Trabalho sobre Questões Raciais no âmbito do Poder Judiciário, instituído pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Integra o coletivo que organiza o Encontro Nacional de Juízas e Juízes Negros (ENAJUN) e o Fórum Nacional de Juízas e Juízes contra o Racismo e todas as formas de Discriminação (FONAJURD).

Recentemente, Flávia lançou o livro “Meninas sonhadoras, mulheres cientistas”, sobre empoderamento feminino, onde a maioria das mulheres elencadas é negra e brasileira, mas há destaque também para mulheres indígenas, brancas e estrangeiras. Elas atuam em diversas áreas, mas todas unem suas atividades profissionais com ações afirmativas e sociais.

Selma Moreira

Selma é Vice-presidente de Diversidade, Equidade e Inclusão na J.P. Morgan, empresa global líder em serviços financeiros. Anteriormente foi Diretora Executiva no Baobá – Fundo para Equidade Racial, primeiro e único fundo dedicado, exclusivamente, à promoção da equidade racial para a população negra no Brasil.

Também atuou como Gerente de Responsabilidade Social do Instituto Walmart, Gerente de Sustentabilidade na Fundação Alphaville e Gerente de Projetos da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Fundação Getúlio Vargas (ITCP – FGV). É membra do Conselho Consultivo do Instituto Coca-Cola Brasil e faz parte do Conselho Deliberativo da Assembleia Geral do Greenpeace Brasil.

É formada em Administração de Empresas pela Fundação Instituto Tecnológico de Osasco, pós-graduada em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas, pela Escola de Comunicação e Artes da USP, tem MBA em Gestão e Empreendedorismo Social, pela FIA.

Nos últimos anos, seu foco é aprofundar conhecimentos acadêmicos acerca da história da população negra.

Luana Souza Martins GénoT (@luanagenot)

Fundadora e Diretora Executiva do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) que através da Campanha Sim à Igualdade Racial apoia empresas e organizações a desenvolverem ações afirmativas para inclusão de negros e indígenas.

Desde 2021 é Curadora de Convivência no Museu do Amanhã. Formada em publicidade e propaganda pela PUC-RIO, tem mestrado em Relações Étnico Raciais pelo Cefet-RJ e Pós-graduação em Marketing pelo IED Rio. Faz parte da Rede de Líderes Responsáveis da BMW Foundation.

Como escritora atua como colunista semanal do Jornal O Globo na Revista Ela e é também autora dos livros Mais Forte – Entre Lutas e Conquistas, lançado em 2021 e do Sim à igualdade racial, finalista do Prêmio Jabuti 2020. 

É apresentadora do programa Sexta Black no canal GNT e jurada fixa no game show de negócios e empreendedorismo ‘Ideias à Venda’ da Netflix.

Foi voluntária na campanha de Barack Obama e antes do ID_BR, trabalhou na área de marketing em multinacionais da área de beleza e entretenimento. Faz parte da Rede de Jovens Líderes do Fórum Econômico Mundial.